Pessoal:
O que você pensa sobre se fosse dada a possibilidade de prever e analisar os fatos de sua vida através do cocô? Não é loucura não! Você pode encontrar essa situação, no mínimo, "curiosa" em “Copromancia”, o conto do Rubem Fonseca. Um texto rápido - para os que não gostam de textos longos - e claro (?).
A personagem é emblemática, pois tem uma vida esvaziada de sentido, e fica procurando no que há de mais desprezível no homem – o seu próprio excremento – uma possibilidade de futuro.
O conto "Copromancia" faz parte da obra "Secreções, excrementos e desatinos" de Rubem Fonseca.
Fragmento de "Copromancia"
"Não obstante minha reação inicial de repugnância, eu observava minhas fezes diariamente. Notei que o formato, a quantidade, a cor e o odor eram variáveis. Certa noite, tentei lembrar as várias formas que minhas fezes adquiriam depois de expelidas, mas não tive sucesso. Levantei, fui ao escritório, mas não consegui fazer desenhos precisos, a estrutura das fezes costuma ser fragmentária e multifacetada. Adquirem seu aspecto quando, devido a contrações rítmicas involuntárias dos músculos dos intestinos, o bolo alimentar passa do intestino delgado para o intestino grosso.
Vários outros fatores também influem, como o tipo de alimento ingerido.No dia seguinte comprei uma Polaroid. Com ela, fotografei diariamente as minhas fezes, usando um filme colorido. No fim de um mês, possuía um arquivo de sessenta e duas fotos -, meus intestinos funcionam no mínimo duas vezes por dia -, que foram colocadas num álbum. Além das fotografias de meus bolos fecais, passei a acrescentar informações sobre coloração. As cores das fotos nunca são precisas. As entradas eram diárias."
Trecho do conto "Copromancia", de Rubem Fonseca